(ENEM PPL - 2018) KIM, L. Cry me a river. Instalao com camisas de fora, pia, baldes, torneira, espelho, lmpada, 2001. CANTON, K. As nuances da cidade. Bravo!, n. 54, mar. 2002. A imagem reproduz a instalao da paulista Lina Kim, apresentada na 25 Bienal de So Paulo em maro de 2002. Nessa obra, a artista se utiliza de elementos dispostos num determinado ambiente para propor que o observador reconhea o(a)
(ENEM PPL - 2018) Gaetaninho Ali na Rua do Oriente a ral quando muito andava de bonde. De automvel ou de carro s mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realizao muito difcil. Um sonho. [...] Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcanar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou. No bonde vinha o pai do Gaetaninho. A gurizada assustada espalhou a notcia na noite. Sabe o Gaetaninho? Que que tem? Amassou o bonde! A vizinhana limpou com benzina suas roupas domingueiras. s dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho no ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixo fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas no levava a palhetinha. Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino. MACHADO, A. A. Brs, Bexiga e Barra Funda: notcias de So Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994. Situada no contexto da modernizao da cidade de So Paulo na dcada de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como
(ENEM PPL - 2018) Vez por outra, indo devolver um filme na locadora ou almoar no rabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo um susto. U, cad o quarteiro que estava aqui? Onde na vspera havia casinhas geminadas, roseiras cuidadas por velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, h apenas uma imensa cratera, cercada de tapumes. [...] Em breve, do buraco brotar um prdio, com grandes garagens e minsculas varandas, e ser batizado de Arizona Hills, ou Maison Lacroix, ou Plaza de Marbella, e isso me entristece. No s porque ficar mais feio meu caminho at a locadora, ou at o rabe na rua de baixo, mas porque meu bairro que morre, devagarinho. Os bairros, como os homens, tambm tm um esprito. [...] s vezes, no fim da tarde, quando ouo o sino da igreja da Caiubi badalar seis vezes, quase acredito que estou numa cidade do interior. A saio para devolver os vdeos, olho para o lado, percebo que o quarteiro desapareceu e me dou conta de que estou em So Paulo, e que eu mesmo tenho minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de um prdio. [...] Ali embaixo, onde agora fica a garagem, j houve uma cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a janela de um adolescente, cheia de adesivos. PRATA, A. Perdizes. In: Meio intelectual, meio de esquerda. So Paulo: Editora 34, 2010. Na crnica, a incidncia do contexto social sobre a voz narrativa manifesta-se no(a)
(ENEMPPL - 2018) Quanto s mulheres de vida alegre, detestava-as; tinha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar com uma menina ingnua e pobre, porque nas classes pobres que se encontra mais vergonha e menos bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma criatura simples, sem essa tendncia fatal das mulheres modernas para o adultrio, uma menina que at chorava na aula simplesmente por no ter respondido a uma pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso espordico, uma verdadeira exceo no meio de uma sociedade roda por quanto vcio h no mundo. Ia concluir o curso, e, quando voltasse ao Cear, pensaria seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a calhar: pobrezinha, mas inocente... CAMINHA, A. A normalista. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 16 maio 2016. Alinhado s concepes do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo Caminha, de 1893, identifica e destaca nos personagens um(a)
(ENEM PPL - 2018) A orquestra atacou o tema que tantas vezes ouvi na vitrola de Matilde. Le maxixe!, exclamou o francs [...] e nos pediu que danssemos para ele ver. Mas eu s sabia danar a valsa, e respondi que ele me honraria tirando minha mulher. No meio do salo os dois se abraaram e assim permaneceram, a se encarar. Sbito ele a girou em meia-volta, depois recuou o p esquerdo, enquanto com o direito Matilde dava um longo passo adiante, e os dois estacaram mais um tempo, ela arqueada sobre o corpo dele. Era uma coreografia precisa, e me admirou que minha mulher conhecesse aqueles passos. O casal se entendia perfeio, mas logo distingui o que nele foi ensinado do que era nela natural. O francs, muito alto, era um boneco de varas, jogando com uma boneca de pano. Talvez pelo contraste, ela brilhava entre dezenas de danarinos, e notei que todo o cabar se extasiava com a sua exibio. Todavia, olhando bem, eram pessoas vestidas, ornadas, pintadas com deselegncia, e foi me parecendo que tambm em Matilde, em seus movimentos de ombros e quadris, havia excesso. A orquestra no dava pausa, a msica era repetitiva, a dana se revelou vulgar, pela primeira vez julguei meio vulgar a mulher com quem eu tinha me casado. Depois de meia hora eles voltaram se abanando, e escorria suor pelo colo de Matilde decote abaixo. Brav, eu gritei, brav, e ainda os estimulei a danar o prximo tango, mas Dubosc disse que j era tarde, e que eu tinha um ar fatigado. CHICO BUARQUE. Leite derramado. So Paulo: Cia. das Letras, 2009. Os recursos expressivos de um texto literrio fornecem pistas aos leitores sobre a percepo dos personagens em relao aos eventos da narrativa. No fragmento, constitui um aspecto relevante para a compreenso das intenes do narrador a
(ENEM PPL - 2018) TEXTO I TEXTO II Manuel da Costa Atade (Mariana, MG, 1762-1830), assim como os demais artistas do seu tempo, recorria a bblias e a missais impressos na Europa como ponto de partida para a seleo iconogrfica das suas composies, que ento recriava com inventiva liberdade. Se Mrio de Andrade houvesse conseguido a oportunidade de acesso aos meios de aproximao tica da pintura dos forros de Manuel da Costa Atade, imaginamos como no teria vibrado com o mulatismo das figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado de Antnio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua percepo pioneira de um surto de racialidade brasileira em nossa terra, em pleno sculo XVIII. FROTA, L. C. Atade: vida e obra de Manuel da Costa Atade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. O Texto II destaca a inovao na representao artstica setecentista, expressa no Texto I pela
(ENEM PPL - 2018) Fsica com a boca Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador? Alm de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando voc no tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da voz se propagam na direo contrria s do ventilador. Davi Akkerman presidente da Associao Brasileira para a Qualidade Acstica diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. O vento tambm contribui para a distoro da voz, pelo fato de ser uma vibrao que influencia no som, diz. Assim, o rudo do ventilador e a influncia do vento na propagao das ondas contribuem para distorcer sua bela voz. Disponvel em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado). Sinais de pontuao so smbolos grficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreenso da mensagem. No texto, o sentido no alterado em caso de substituio dos travesses por
(ENEM PPL - 2018) O processo de leitura da informao vinda do companheiro e do adversrio fundamental nos esportes coletivos. O participante de modalidades com essas caractersticas dever, a todo momento, ler e interpretar as informaes gestuais de seu companheiro e adversrio que, por outra via, tambm portador de informaes. Estas devero ser claras e legveis para seu companheiro e totalmente obscuras para o adversrio. Na interpretao praxiolgica, seria aquele jogador que consegue ler as informaes do adversrio e posicionar-se da melhor forma possvel, antecipando-se a seus adversrios e ocupando os melhores espaos. RIBAS, J. F. M. Praxiologia motriz: construo de um novo olhar dos esportes e jogos na escola. Motriz, n. 2, 2005 (adaptado). De acordo com a ideia de processamento de informao nas modalidades esportivas coletivas, para ser bem-sucedido em suas aes no jogo, o jogador deve
(ENEM PPL - 2018) O lazer um fenmeno mundial, fruto da modernidade e das relaes que se estabelecem entre o tempo de trabalho e o tempo do no trabalho. Os efeitos da industrializao e da globalizao foram percebidos pela velocidade das mensagens veiculadas pela mdia, pela exploso das novas tecnologias da informao e comunicao, pela exacerbao do individualismo e competitividade, pelas mudanas no contexto social e tambm por uma crise nas relaes de trabalho. Em meio a todas essas mudanas, o lazer apresenta-se como um conjunto de elementos culturais que podem ser vivenciados no tempo disponvel, seja como atividade prtica ou contemplativa. SECRETARIA DA EDUCAO. Proposta curricular do estado de Minas Gerais, 6 ao 9 ano. Disponvel em: http://crv.educacao.mg.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2012. Na perspectiva conceitual assumida pelo texto, o lazer constitui-se por atividades que
(ENEM PPL - 2018) Frevo Nino Pernambuquinho o frevo Arrastando a multido, fervendo. na ponta do p e no calcanhar no calcanhar e na ponta do p com a direita na ponta do p e no calcanhar com a esquerda Saci-perer, saci-perer com a direita Saci-perer com a esquerda Girando, girando, girando no girassol o frevo no p e a sombrinha no ar. na ponta do p e no calcanhar Pisando em brasa Pisando em brasa porque o cho est pegando fogo Na Avenida Guararapes Arrastando o Galo da Madrugada Olha a tesoura, para cortar todos os males. o frevo no p e a sombrinha no ar. DUDA. Perr-bumb. Recife: Gravadora Independente, 1998 (fragmento). A letra da cano apresenta o frevo como uma expresso da cultura corporal que pode ser reconhecida por meio da descrio de
(ENEM PPL - 2018) O Ultimate Frisbee um jogo competitivo praticado com um disco. Essa modalidade esportiva tem como caracterstica mais interessante o fato de no contar com um rbitro. Apesar de ter regras preestabelecidas, estas so aplicadas conforme o consenso entre os praticantes. GUTIERREZ, G. L. et. al. A construo de consensos numa prtica esportiva competitiva: uma anlise habermasiana do Ultimate Frisbee. Disponvel em: www.efdeportes.com. Acesso em: 19 jun. 2012 (adaptado). Em relao aplicao das regras, o Ultimate Frisbee prev
(ENEM PPL - 2018) Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos midos quis que ela no fugisse e falou: Repita o que voc disse, Lri. No sei mais. Mas eu sei, eu vou saber sempre. Voc literalmente disse: um dia ser o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um s. Sim. Lri estava suavemente espantada. Ento isso era a felicidade. De incio se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram midos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que que eu fao? Que fao da felicidade? Que fao dessa paz estranha e aguda, que j est comeando a me doer como uma angstia, como um grande silncio de espaos? A quem dou minha felicidade, que j est comeando a me rasgar um pouco e me assusta? No, no quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas no tm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo. LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. A obra de Clarice Lispector alcana forte expressividade em razo de determinadas solues narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no
(ENEM PPL - 2018) Talvez julguem que isto so voos de imaginao: possvel. Como no dar largas imaginao, quando a realidade vai tomando propores quase fantsticas, quando a civilizao faz prodgios, quando no nosso prprio pas a inteligncia, o talento, as artes, o comrcio, as grandes ideias, tudo pulula, tudo cresce e se desenvolve? Na ordem dos melhoramentos materiais, sobretudo, cada dia fazemos um passo, e em cada passo realizamos uma coisa til para o engrandecimento do pas. ALENCAR, J. Ao correr da pena. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2013. No fragmento da crnica de Jos de Alencar, publicada em 1854, a temtica nacionalista constri-se pelo elogio ao()
(ENEM PPL - 2018) Muitos trabalhos recentes de arte digital no consistem mais em objetos puros e simples, que se devem admirar ou analisar, mas em campos de possibilidades, programas geradores de experincias estticas potenciais. Se j era difcil decidir sobre a paternidade de um produto da cultura tcnica, visto que ela oscilava entre a mquina e os vrios sujeitos que a manipulam, a tarefa agora torna-se ainda mais complexa. Se quisermos complicar ainda mais o esquema da criao nos objetos artsticos produzidos com meios tecnolgicos, poderamos incluir tambm aquele que est na ponta final do processo e que foi conhecido pelos nomes (hoje inteiramente inapropriados) de espectadores, ouvintes ou leitores: numa palavra, os receptores de produtos culturais. MACHADO, A. Mquina e imaginrio: o desafio das poticas tecnolgicas. So Paulo: Edusp, 1993 (adaptado). O autor demonstra a crise que os meios digitais trazem para questes tradicionais da criao artstica, particularmente, para a autoria. Essa crise acontece porque, atualmente, alm de clicar e navegar, o pblico
(ENEM PPL - 2017) O mundo mudou O mundo mudou. O mundo mudou porque est sempre mudando. E sempre estar, at que um dia chegue o seu alardeado fim (se que chegar). Hoje vivemos protegidos por muitos cuidados e paparicos, sempre sob a forma de servios, e desde que voc tenha dinheiro para us-los, claro. Carro quebrou na marginal? Relaxe, o guincho da seguradora vir em minutos resgat-lo. Tem dificuldade de locomoo? Espere, a empresa area dispor de uma cadeira de rodas para lev-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chal em plenas frias de vero? Calma, o moo que conserta telhados est correndo para l agora. Vai ficando para trs um outro mundo de iniciativas, de gestos solidrios, de amizade, de improvisao (sim, quem no improvisa se inviabiliza, eu diria, parafraseando Chacrinha). Estamos criando uma gerao que no sabe bater um prego na parede, trocar um botijo de gs, armar uma rede. , o mundo mudou sim. S nos resta o telefone do SAC, onde gastaremos nossa blis com improprios ao vento; ou o site da loja de eletrodomsticos onde ningum tem nome (que saudade dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa prpria solido, a nossa dependncia do mundo dos servios e a nossa incapacidade de viver com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e pendncias vs. Nem Kafka poderia sonhar com tal mundo. ZECA BALEIRO. Disponvel em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado). O texto trata do avano tcnico e das facilidades encontradas pelo homem moderno em relao prestao de servios. No desenvolvimento da temtica, o autor